sexta-feira, 29 de maio de 2009

Balé Baião em fase madura*



Uma relação pulsante com a chamada cultura popular, sem negar sua contemporaneidade. Sagrado, profano, lúdico, poético, ritual. Palavras-chave do percurso da Cia. Balé Baião de Dança Contemporânea, de Itapipoca, que faz última apresentação do espetáculo Sólidos, hoje, 29 de maio, às 20 horas, pelo Projeto Quinta com Dança de maio. Neste trabalho, o mais recente, há algo que se sobressai, pois representa a fase madura da companhia cearense (antes, “Ballet Baião”) e do coreógrafo-diretor Gerson Moreno (ex-Colégio de Dança). As metáforas do corpo vão além da simples analogia figurativa e se organizam, cênica e artisticamente, como um ato estético e político do fazer dança, também fora do palco, no interior do Estado.

A saber, Sólidos é um espetáculo de contato-improvisação. Trata-se de uma técnica corporal vinculada historicamente à dança moderna dos anos 70 e que tem o coreógrafo norte-americano Steven Paxton como grande expoente. A gênese veio de uma ação política com jovens bailarinos do Oberlin College, em Ohio, que questionavam radicalmente o autoritarismo e as guerras na época. Fora dos EUA, desde os anos 80, Cristina Turdo (Argentina) e Tica Lemos (Brasil) destacam-se como importantes difusoras na América Latina, com muitos outros adeptos que, não todos, vêm re-elaborando esta técnica, a partir de experiências artísticas, práticas educativas e intercâmbios culturais.

Gerson Moreno parece ser um deles, quando tem o movimento improvisado como base criativa e estética da “sua” companhia. No trabalho que encerra temporada no teatro do Centro Dragão do Mar, eles propõem um diálogo físico e estudo cênico através da troca de peso, do contato-toque, da condução e das quedas/suspensões. Lidam com a inércia, o momento-presente, o desequilíbrio e o inesperado. O que possibilita uma profunda percepção-ação de si mesmo e do(s) outro(s). Inclusive do público, e não só dos corpos-mentes dos “intérpretes-criadores”: Cacheado Braga, Edileusa Inácio, Glaciel Farias, Gustavo Rodrigo, Roniele de Souza, Vaneila Ramos, Viana Júnior e o próprio Gerson.

Há algo, porém, que não é tão explicitamente assumido nas discussões da companhia sobre identidade e sincretismo. Refiro-me à mestiçagem cultural – ou “pensamento mestiço”, como defende o historiador Serge Gruzinski –, que se sucede nos confrontos históricos entre culturas, no sentido de encontros entre singularidades. Nessa perspectiva, ampliam-se as imagens metafóricas presentes na dramaturgia da cena e dos corpos como resultantes de vivências cotidianas em constante atualização, e não ilustração-decalque ou mistura globalizada. Lembremos. “Itapipoca” tem origem tupi (significa “pedra arrebentada”, “rocha estourada”), foi uma sesmaria portuguesa e é bem conhecida como “a cidade dos três climas” (serra, sertão, mar).

Tudo isso não é mero debut, esclareço. Sólidos é a celebração de quinze anos de uma atuação comprometida com a realidade local. São, na verdade, Bodas de Cristal: Pátria Sertaneja, Etnia, Carne Benta, Rebento, Intimidades, Finitude. Eis uma (talvez, a) resistência transformadora da Região do Vale do Curu. Tem feito muito, também no campo da arte-educação, mas ainda há muito o que contribuir, certamente. Para a (nossa) breve e rica história da dança no Ceará, Nordeste, Brasil. Fiquemos mais atentos.

SERVIÇO

SÓLIDOS. Última apresentação da Cia. Balé Baião (Itapipoca), de Gerson Moreno, encerrando o projeto Quinta com Dança de maio. Duração: 45min. Classificação livre. Excepcionalmente hoje (29), às 20h, no Teatro do Centro Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema). Ingressos: R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia). Outras informações: 3488 8600.


* Texto originalmente publicado no caderno cultural Vida & Arte, do Jornal O POVO (CE), no dia 29 de maio de 2009. Disponível em http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/881069.html.

domingo, 10 de maio de 2009

Sambarroxé se apresenta nesta sexta (15),
no Performa'09, em Aveiro, Portugal



Uma crítica “escrita” no e pelo corpo que dança. Em discussão, a midiatização da dança pela música no contexto nordestino-brasileiro, a partir do samba, do arrocha e do axé. Eis meu solo de dança Sambarroxé, um experimento bruto, que se apresento no próximo dia 15 de maio deste ano, no evento Performa 09 – Encontros de Investigação em Performance, iniciativa do Departamento de Comunicação e Arte, da Universidade de Aveiro (Portugal). Para esta viagem, a obra em questão contou com apoio do edital No. 1/2009 de Intercambio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura do Brasil.

A idéia do solo surgiu durante em Salvador pelo convite para participar da pesquisa colaborativa Experimento Bruto, no início do segundo semestre de 2007, orientada pela colega pesquisadora Mara Guerrero (SP), com as também colegas mestrandas Angela Souza (CE), Lucía Naser (URU) e Thalita Teodoro (MG). A estréia aconteceu no Congresso do World Dance Aliance 2007, realizado em Salvador (BA), com outra apresentação no Painel Performático da Escola de Dança, no mesmo período.

Depois, com o caráter mais independente e já como se reconhecendo como pesquisa de dança, Fui selecionado com o Sambarroxé como artista-propositor para o evento Teorema 2008, promovido pelo Estúdio Nave (SP), do qual participei também como crítico-propositor. Em Fortaleza, fiz três apresentações, sendo as duas últimas realizadas em fevereiro deste ano e a outra, ano passado (out), todas no Projeto Terça Se Dança, do Sesc Ceará.

Além do Performa’09, agora em maio, já está agendada outra apresentação (contrapartida do apoio do edital do MinC) no III Interatividade e Conectividades, iniciativa do Grupo Dimenti (BA) e que acontece na primeira semana de junho próximo, na capital baiana. Neste evento, realizo também uma intervenção crítica como um dos primeiros desdobramentos da Pesquisa Coreografias Nordestinas, selecionada pelo Edital de Produção Crítica em Artes 2008/09, da Funarte (categoria Dança/NE), que tem um espetáculo do Grupo Dimenti como objeto de reflexão.

No evento Performa’09, integram a programação outros artistas-pesquisadores da capital cearense, que desenvolvem trabalhos em performance e artes visuais, e que fazem parte do Projeto Balbucio, iniciativa de extensão universitária vinculada ao curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), do qual sou colaborador de dança. São eles: Antonio Wellington de Oliveira Júnior (professor e coordenador), André Quintino Lopes, Tobias Sandino Gaede, João Vilnei de Oliveira Filho e Edmilson Forte Miranda Júnior, com trabalhos individuais e um em grupo. Ver programação completa no performa.web.ua.pt .

OUTRAS INFORMAÇÕES

O trabalho Sambarroxé, um experimento bruto consiste em um estudo de corporalidades, concebido a partir do procedimento de improvisação em dança Experimento Bruto, desenvolvido pela dançarina e pesquisadora Mara Guerrero (SP), com base na semiótica de Charles Pierce (“fato bruto”). Nesse estudo teórico-prático, definido como solo demonstrativo, com viés performático, três manifestações culturais brasileiras de massa – o samba, o arrocha e o axé – foram escolhidas sob o critério de serem danças e músicas massificadas que exploram a sensualidade dos gestos e erotização dos corpos, mesmo não sendo estas as questões principais da investigação.


Para tanto, utilizamos um repertório individual de experiências in loco na cidade de Salvador, capital do Estado da Bahia, como também com os media televisivo. Isso possibilitou o deslocamento não-habitual de padrões de movimento em quatro partes do corpo (cabeça, pélvis, braços e pés) para se testar como esses padrões podem se reorganizar e serem re-elaborados. Por conta disso, este experimento dialoga ainda com o conceito de meme (memética), do evolucionista Richard Dawkins, que trata a informação cultural como análoga ao que acontece com o gene (genética), no que diz respeito à adaptabilidade humana. Justamente para evidenciar, cênica e artisticamente, a relação histórica, evolutiva, cultural e midiática entre dança e música.

sábado, 2 de maio de 2009

Dança de ossos e peles *



Há exatos dois anos. Foi quando a companhia pernambucana (http://www.ciaetc.com.br/) esteve por aqui, com o espetáculo Sobre nossos corpos, pela Caravana Funarte. Eram três solos que discutiam o que é dançar na cidade de Recife, resultado de uma residência realizada em 2006 e promovida pelo Centro Apolo-Hermilo. De volta à capital cearense, os bailarinos-pesquisadores José W. Júnior, Marcelo Sena e Saulo Uchôa apresentam Corpo-Massa: Peles e Ossos, hoje (sábado, 02) e amanhã (domingo, 03), às 20 horas, no Teatro Sesc Iracema, encerrando a temporada de circulação que realizam desde novembro passado. Em discussão, o que vem ser um "dançar com os ossos", no que diz respeito às articulações humanas como constituintes básicos e geradores do movimento do corpo. Para tanto, optaram por um formato "diferenciado", o de uma exposição coreográfica, onde o público pode entrar e sair a qualquer momento.

Tudo isso ganhou força como possibilidade de pesquisa quando os três integrantes foram pré-selecionados para o programa Rumos Dança 2006/07, do Instituto Itaú Cultural, o que lhe rendeu convite para participar de uma semana de aulas, em março de 2007, em São Paulo, direcionada à dramaturgia do corpo. Fato que culminou na realização da pesquisa prática Peles e Ossos, entre janeiro e junho do ano passado, com apoio da Funarte (MinC), via do edital de dança Klauss Vianna. Novamente em itinerância, vem fortalecendo laços e melhorando o diálogo por onde têm viajado. Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais, Bahia e, por último, Ceará. Uma circulação somente viável pelo apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

Percebe-se, portanto, no percurso artístico recente da Cia. Etc, as relações cúmplices entre criação em dança e apoio público. Nota-se também a coerência com as etapas que todo processo artístico pressupõe (pelo menos, deveria), que é uma investigação como pesquisa, da decisão de resultar ou não em espetáculo, do amadurecimento da obra quando habita, circunstancialmente, outros contextos culturais. Um jeito de fazer dança que não se preocupa somente com o resultado final, mas em viabilizar e enriquecer o processo, o que dá bons anticorpos para o exercício árduo de fazer pesquisa em dança no Brasil. Não é por acaso, pois os anseios da companhia alternam-se entre a criação artística e pedagogia na área da dança.

Nessa montagem, orientada pelo fisioterapeuta e professor de dança Kiran, com direção artística do artista plástico Pedro Buarque, o principal desafio da companhia é dinamizar a interação com o público. Eles propõem ausências e presenças da luz para evidenciar um estudo anatômico e filosófico do corpo humano, com ênfases na articulação do esqueleto (ossos) e como isso pode mais claro cênica e corporalmente (corpos-massa). Eis algumas impressões críticas sobre as apresentações nos dias 08 e 09 de abril últimos, no Teatro Vila Velha, em Salvador. O ambiente cênico claustro e a trilha sonora maquinal aguçam a visão e a audição, por um lado, mas criam certa inércia (estado quase estático) no corpo de quem assiste, por outro lado. Possibilitam um olhar mais minucioso para a relação entre corpos que dançam e da luz em movimento; ao mesmo tempo, fazem com que as interações do público, de caráter interventivo (como esperam), diminuam ou nem aconteçam, contraditoriamente.

Tem a ver, de certo modo, com a escolha do formato "exposição" e sua eficiência estética no que se refere ao se definir como "coreográfica". Por isso, é importante distinguir estes dois termos para uma melhor compreensão autocrítica. Na proposta da companhia, ser exposição parece se aproximar bastante do caráter demonstrativo, bem comum em eventos acadêmicos, de algo investigado no laboratório e depois relatado como resultante parcial ou já final. Já artisticamente, a obra mantém relação íntima e provocativa com as artes visuais, principalmente, por conta da natureza coreográfica a que propõem incorporar. Isso traz à tona uma discussão pertinente quando o termo coreografia ainda é tratado, simploriamente, como mero sinônimo de uma sequência de passos de dança, e não como um jeito específico do pensamento de dança se organizar, que parte do corpo que dança para outras formulações.

O risco talvez seja não estar atento àquilo que se anuncia a priori e sua equivalência no momento da apresentação. É ver e comprovar o que reverbera sinestésica e politicamente. Senão fica só no dizer frágil da novidade, de uma diferenciação de mercado, o que não é, ao meu ver, uma inquietação da arte (dança) dita contemporânea, logo, reflexiva, provocativa e questionadora.

Joubert Arrais é jornalista, crítico, artista e pesquisador-mestre de dança (PPG Danca/UFBA). Atualmente desenvolve a pesquisa Coreografias Nordestinas (Bolsa Funarte de Produção Crítica em Artes 2008-09/MinC), da qual a obra Corpo-Massa: Peles e Ossos, da Cia. Etc. (PE), faz parte como objeto de estudo.
Comentários no
www.umjovemcriticodedancabrasileiro.blogspot.com .

SERVIÇO

Corpo-Massa: Peles e Ossos, da Cia. Etc. Hoje (sábado, 02) e amanhã (domingo, 03), às 20 horas, no Teatro Sesc Iracema (R. Boris, 90 - Praia de Iracema, ao lado do Centro Dragão do Mar). Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).



* Crítica de dança publicada no caderno Vida & Arte, do Jornal O POVO (CE), no dia 02 de maio de 2009, disponível em
http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/874567.html .

Carta-manifesto do Dia D de Dança
(Fórum de Dança do Ceará)



Caros amigos,

Esta carta-manifesto* fala de conquistas, ausências, silêncios e desafios.

Uma carta que nasce de um mundo onde se faz necessário refletir, com mais freqüência e cuidado, sobre nossas ações cotidianas; onde também se faz urgente examinar, com atenção e minúcia, as expectativas do estar junto por um objetivo comum.

Uma carta que expressa o desejo de uma dança para todos em um momento bem oportuno e tão especial, que é a semana do Dia Internacional da Dança, dia 29 de abril.

Uma carta parecida com as que tradicionalmente conhecemos, mas de outro jeito. Não é escrita à mão, mas busca concretizar a ligação física entre pessoas e idéias. Não foi dobrada em um envelope, nem lacrada e enviada para outro lugar como um segredo, mas se faz aqui pública como uma voz aguda e provocativa sobre coisas urgentes.

Uma carta-manifesto que se faz pública porque deseja um diálogo mais regular com a dança, com mais pessoas da dança presentes na formulação de políticas públicas, como já existe no município, com uma coordenação de dança, mas que se faz ausente no governo estadual. Nós da dança também precisamos de conselheiros de cultura que sejam da área de dança tanto na Prefeitura de Fortaleza como no Governo do Ceará, e não diluída no termo genérico das artes cênicas. Temos editais municipais e estaduais, sim, mas carecem de serem lançados com datas certas e sem atraso nos pagamentos, justamente para não fragilizar o que já existe e o que ainda não existe.

Uma carta que acredita nas conquistas e que manifesta sua preocupação no cuidado mais atencioso tanto por nós como por nossos gestores, principalmente quando temos também o setor privado tentando estabelecer alguma relação com a dança. Uma relação de muitas relações que é valiosíssima, mas que carece de ajustes no sentido de uma melhor compreensão das especificidades da dança como produto da cultura e da arte.

Uma carta que respeita os mais variados modos de existência da dança, mas se inquieta diante da ameaça de nos fecharmos para as transformações do mundo em que vivemos. Vamos nos questionar. O que muda quando considero a dança como uma linguagem do corpo que busca problematizar questões no mundo? O que se modifica quando reconheço que a dança é uma expressão artística que não deixa que o movimento do corpo morra de clichê, que é uma partilha de muitos sensíveis da experiência humana? O que se altera quando vejo a dança como algo singular feito por artistas, e não como algo que pode ser feito de qualquer modo, sem nenhuma especialização? O que me mobiliza quando aceito que ter experiências com a dança me faz um ser humano melhor?

Uma carta-manifesto que se refere a um contexto municipal e estadual, certamente, contexto este que mantém um vínculo mútuo de transformação com um contexto maior, que é a dança no Brasil e que representa uma dança de muitos sotaques. Uma dança que é arte, cultura, educação, política, economia, sociedade, mundo. Logo, uma arte que não é sozinha, nem solitária, que vem sendo construída por muitos e que desfaz um tratamento recorrente que coloca a dança em segundo plano, como uma arte de pano de fundo.

Um manifesto-carta que se posiciona contra os desmandos dos Conselhos tanto o Regionais como o Federal de Educação Física que tentam submeter o exercício da docência em dança ao controle da Educação Física. É bom deixar claro que a dança não é mera competência atlética ou apenas preparação corporal. Dança é uma área de produção de conhecimento de altíssima complexidade, de altíssimo poder de transformação cultural e social.

Uma carta de palavras potentes, proclamada por pessoas de dança e que nasce aberta para ser ouvida por todos, que se faz manifesto por palavras que devem estar presentes em nossas mentes e em nossos corpos durante todo o ano. É um resultado simbólico e circunstancial de um esforço coletivo que se questiona: Por que o Ceará ainda não tem uma graduação pública de dança, diante da criação de outras graduações em universidades públicas da região Nordeste, como Natal, Recife, Maceió, Sergipe e Salvador? Por que ainda não temos uma licenciatura em dança quando temos muita coisa acontecendo fora da universidade e que dá sentido a esse desejo coletivo?

Eis aqui uma carta, um manifesto. Uma voz de muitas vozes no desejo de quebrar silêncios e ausências, de ficarmos felizes porque estamos conseguindo caminhar menos raquíticos do que outrora. Um outrora quando não era possível sonhar, mas que agora já não é tão impossível assim, quando podemos e devemos fazer um bom uso das conquistas, no sentido de criar possibilidades de reflexão.

Agir assim, tentar agir assim é fazer com que nossas ações tenham como rumo certo uma boa contribuição para a consolidação de um pensamento de dança em Fortaleza, no Ceará, no Brasil, no Mundo. Um pensamento que nos torne sábios.

* Carta-manifesto organizada pelo Fórum de Dança do Ceará para leitura pública na programacão comemorativa durante a semana do Dia Internacional de Dança, Dia D da Dança, dia 29 de abril.